Palmatória...

Graças à palmatória de Dona Francina, cheguei alfabetizado na primeira série.

No final da primeira semana de aula, entrei em casa desesperado, chorando, chorando muito. Mamãe, que não esperava a resposta das perguntas que eu fazia, com a mão doidinha pra fofar meu cocoruto com um cascudo, gritou:

- O que é tu fez, Francisco Flávio?

Francisco Flávio era a senha que abria a porta de uma boa surra.

- Eu não fiz nada, mamãe!

Dona Eudália me mandou ir pra casa mais cedo - sem ver nem pra quê - e disse que eu não ficaria mais naquela turma, que eu iria para a segunda série.

Mamãe - sem entender bolhufas - recolheu a mão, que já estava a meio caminho do cascudo, e trocou por um safanão. Vupt! Arrastou-me pelo braço, e, em pouco tempo, já na escola, Dona Eudalia livrou-me da coça que ficara guardada nos fios de uma corda de agave, bem fininha...

- Izinha, fique calma! Teu menino está adiantado em relação à turma. A direção da escola resolveu mandá-lo para a segunda série. Ele ganhou um ano!

Não entendi direito aquilo tudo. Só sei que na volta pra casa ganhei um montão de carinho de mamãe...

Descobri que a distância entre um cascudo e um cafuné era de um ano. Rsrsrs
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Revisão: Manu Leandro

Comentários

  1. Coisa linda poeta,temos essa particularidade em comum.
    Nao cheguei a fazer faculdade(mas ainda sonho)
    Tenho ensino media completo mas tbm ganhhei um ano ,passei da terceira série pra quinta.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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